segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA


Tatiane Torcato de Oliveira


“Na sociedade do conhecimento, as pessoas têm de aprender a aprender”
Drucker

            Há um reconhecimento crescente de que a finalidade central da educação deve ser valorizar as pessoas no sentido de se encarregarem elas próprias da construção do significado das experiências que vivem. Para conseguir isso, torna-se imperioso que cada sujeito aprenda a aprender significativamente (Novak, 1984). Tendo em vista o sujeito como responsável por sua aprendizagem, no processo de produção do conhecimento ou aquisição, ele os terá feito baseando-se em suas experiências pessoais e conceitos que significantes. Como se refere Leite (1993), o processo de produção do conhecimento é um processo de interferência do homem sobre o real e do real sobre o homem, isto é, um processo de interação que envolve o sujeito e o mundo. A experiência humana envolve não só o pensamento e a ação, mas também os sentimentos. Só quando se consideram os três fatores conjuntamente é que os indivíduos são capazes de enriquecer o significado da sua experiência (Novak, 1984).
            A aprendizagem significativa caracteriza-se, pois, por uma interação (não uma simples associação), entre aspectos específicos e relevantes da estrutura cognitiva e as novas interações, pelos quais estas adquirem significado e são integradas à estrutura cognitiva de maneira não arbitrária e não literal, contribuindo para a diferenciação, elaboração e estabilidade dos subsunçores preexistentes e, consequentemente da própria estrutura cognitiva (Moreira, 2006). A estrutura cognitiva está relacionada com os saberes, conteúdos ou conhecimentos que o sujeito considere significante para si, assim como, a forma como esses estão organizados. Considera-se “subsunçores” conceitos já pertencentes a essa estrutura cognitiva quais possibilitem atribuir significados a uma nova informação.
Todavia, o professor não deve ser excluído do que se refere à aprendizagem significativa, pois, propicia condições necessárias a essa ocorrência. Primeiramente, por procurar estimular o aluno a aprender determinado assunto e por oferecer um material qual seja significativo para o aluno, incluindo formas diferenciadas que auxiliam o processo de aprendizagem do aluno, por exemplo, o uso de mapas conceituais. Quanto a natureza o material, ele deve ser “logicamente significativo” ou “ter significado”, isto é, ser suficientemente não arbitrário e não aleatório, de modo que possa ser relacionado, de forma substantiva e não arbitrária, a ideias, correspondentemente relevantes, que se situem no domínio da capacidade humana de aprender. No que se refere a natureza da estrutura cognitiva do aprendiz, nela devem estar os conceitos subsunçores específicos com os quais o novo material se relacione. Quando não há a existência desses conceitos, segundo Moreira (2006), Ausubel sugere o uso de organizadores prévios que são materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido, por isso, estão em um nível maior de abstração.
Aprender a compreender a natureza do conhecimento e a natureza da aprendizagem significativa, não só valorizam o indivíduo tornando-o mais eficiente na aquisição e produção do conhecimento, mas também contribuem para a sua auto-estima e sentido de controlo sobre a própria vida (Novak, 1984). Assim, a utilização de mapas conceituais e diagramas em “Vê” heurístico representam instrumentos que auxiliam na reflexão sobre a natureza do conhecimento, sua estrutura, como é produzido e possibilita análise curricular.
De maneira ampla, mapas conceituais são apenas diagramas que indicam relações entre conceitos mais especificamente, podem ser interpretados como diagramas hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina ou de parte dela. Ou seja, sua existência deriva da estrutura conceitual de uma disciplina ou de um corpo de conhecimentos (Moreira, 2006). São úteis ao enfatizar os conceitos discutidos na disciplina diferenciados com relação a sua generalidade ou especificidade e as interações entre os mesmos, proporcionando a integração dos conteúdos por causa de suas inter-relações. Porém, podem não ser úteis quando a estrutura está complexa demais, o que não facilita a aprendizagem, assim como se forem vistos como para serem “memorizados” pelos alunos, a estruturação prévia desses conceitos pode, também, impedir associação “livre’ de outros por causa desse estabelecimento. Mais do que organizar e intercalar conteúdos o professor pode analisar e procurar perceber como aquele aluno estrutura o que é passado cognitivamente.
O “Vê” foi o resultado de vinte anos de pesquisa por parte de Gowin de um método para ajudar os estudantes a compreender a estrutura do conhecimento e as formas como os seres humanos produzem esse conhecimento (Novak, 1984). O processo de pesquisa, segundo a perspectiva de Gowin, tem a ver com a conexão entre eventos, fatos e conceitos. Esta conexão pode ser vista como tendo a forma de um Vê ligando eventos, no ponto do Vê, a conceitos e fatos em cada um dos lados. O lado esquerdo refere-se a conceitos e sistemas conceituais; na base do Vê, estão os eventos que ocorrem naturalmente ou que o pesquisador faz acontecer; no lado direito encontra-se toda a metodologia de produção de conhecimento. Pode ser utilizada pelo professor para análise do currículo, avaliação da aprendizagem e instrumento da mesma tal qual do ensino.
A aprendizagem significativa procura valorizar e utilizar os saberes que o aluno já possui e de outros conhecimentos para o qual ele conceda significado. Com o objetivo de facilitar a aprendizagem e a reflexão de conceitos, por associar aos conceitos subsunçores novos significados. Além de propor que a aprendizagem é de responsabilidade do aluno e de que essa conduz a uma mudança no significado da experiência e não necessariamente de conduta. Uma vez aliviados da carga de ser o responsável pela aprendizagem, o professor pode concentrar-se no processo de ensino. Quando a meta do ensino se fixa no atingir de significados compartilhados, liberta-se uma grande quantidade de energia, tanto da parte dos professores como dos estudantes (Novak, 1984). O que estimula a uma prática de ensino que trabalhe melhor com as capacidades dos alunos e os proporcione confiança e estímulos para continuarem a aprender e buscarem seus próprios conceitos.



REFERÊNCIAS

NOVAK, J. D. Aprender a aprender. Tradução: Carla Valadares. 1. ed. [S.l.]: Paralelo, 1984. 212 p.

MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Universidade de Brasília, 2006. 186 p.

LEITE, A. C. S.; SILVA, P. A. B.; VAZ, A. C. R. A importância das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a percepção dos alunos do PROEF II. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Minas Gerais, v. 7, n. 3, p. 1-16, 2005. 




Acadêmica do curso de licenciatura em Biologia e bolsista do programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), na Universidade Federal do Tocantins UFT.

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