Tatiane Torcato de Oliveira
“Na sociedade do conhecimento, as pessoas têm
de aprender a aprender”
Drucker
Há um reconhecimento crescente de
que a finalidade central da educação deve ser valorizar as pessoas no sentido
de se encarregarem elas próprias da construção do significado das experiências
que vivem. Para conseguir isso, torna-se imperioso que cada sujeito aprenda a
aprender significativamente (Novak, 1984). Tendo em vista o sujeito como
responsável por sua aprendizagem, no processo de produção do conhecimento ou
aquisição, ele os terá feito baseando-se em suas experiências pessoais e
conceitos que significantes. Como se refere Leite (1993), o processo de
produção do conhecimento é um processo de interferência do homem sobre o real e
do real sobre o homem, isto é, um processo de interação que envolve o sujeito e
o mundo. A experiência humana envolve não só o pensamento e a ação, mas também
os sentimentos. Só quando se consideram os três fatores conjuntamente é que os
indivíduos são capazes de enriquecer o significado da sua experiência (Novak,
1984).
A aprendizagem significativa
caracteriza-se, pois, por uma interação (não uma simples associação), entre
aspectos específicos e relevantes da estrutura cognitiva e as novas interações,
pelos quais estas adquirem significado e são integradas à estrutura cognitiva
de maneira não arbitrária e não literal, contribuindo para a diferenciação,
elaboração e estabilidade dos subsunçores preexistentes e, consequentemente da
própria estrutura cognitiva (Moreira, 2006). A estrutura cognitiva está
relacionada com os saberes, conteúdos ou conhecimentos que o sujeito considere significante
para si, assim como, a forma como esses estão organizados. Considera-se
“subsunçores” conceitos já pertencentes a essa estrutura cognitiva quais
possibilitem atribuir significados a uma nova informação.
Todavia,
o professor não deve ser excluído do que se refere à aprendizagem
significativa, pois, propicia condições necessárias a essa ocorrência. Primeiramente,
por procurar estimular o aluno a aprender determinado assunto e por oferecer um
material qual seja significativo para o aluno, incluindo formas diferenciadas
que auxiliam o processo de aprendizagem do aluno, por exemplo, o uso de mapas
conceituais. Quanto a natureza o material, ele deve ser “logicamente
significativo” ou “ter significado”, isto é, ser suficientemente não arbitrário
e não aleatório, de modo que possa ser relacionado, de forma substantiva e não
arbitrária, a ideias, correspondentemente relevantes, que se situem no domínio
da capacidade humana de aprender. No que se refere a natureza da estrutura
cognitiva do aprendiz, nela devem estar os conceitos subsunçores específicos
com os quais o novo material se relacione. Quando
não há a existência desses conceitos, segundo Moreira (2006), Ausubel sugere o
uso de organizadores prévios que são materiais introdutórios apresentados antes
do material a ser aprendido, por isso, estão em um nível maior de abstração.
Aprender
a compreender a natureza do conhecimento e a natureza da aprendizagem
significativa, não só valorizam o indivíduo tornando-o mais eficiente na
aquisição e produção do conhecimento, mas também contribuem para a sua
auto-estima e sentido de controlo sobre a própria vida (Novak, 1984). Assim, a utilização de mapas conceituais e diagramas em
“Vê” heurístico representam instrumentos que auxiliam na reflexão sobre a
natureza do conhecimento, sua estrutura, como é produzido e possibilita
análise curricular.
De
maneira ampla, mapas conceituais são apenas diagramas que indicam relações
entre conceitos mais especificamente, podem ser interpretados como diagramas
hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de uma disciplina
ou de parte dela. Ou seja, sua existência deriva da estrutura conceitual de uma
disciplina ou de um corpo de conhecimentos (Moreira, 2006). São úteis ao
enfatizar os conceitos discutidos na disciplina diferenciados com relação a sua
generalidade ou especificidade e as interações entre os mesmos, proporcionando
a integração dos conteúdos por causa de suas inter-relações. Porém, podem não
ser úteis quando a estrutura está complexa demais, o que não facilita a
aprendizagem, assim como se forem vistos como para serem “memorizados” pelos
alunos, a estruturação prévia desses conceitos pode, também, impedir associação
“livre’ de outros por causa desse estabelecimento. Mais do que organizar e intercalar
conteúdos o professor pode analisar e procurar perceber como aquele aluno estrutura
o que é passado cognitivamente.
O
“Vê” foi o resultado de vinte anos de pesquisa por parte de Gowin de um método
para ajudar os estudantes a compreender a estrutura do conhecimento e as formas
como os seres humanos produzem esse conhecimento (Novak, 1984). O processo de
pesquisa, segundo a perspectiva de Gowin, tem a ver com a conexão entre
eventos, fatos e conceitos. Esta conexão pode ser vista como tendo a forma de
um Vê ligando eventos, no ponto do Vê, a conceitos e fatos em cada um dos
lados. O lado esquerdo refere-se a conceitos e sistemas conceituais; na base do
Vê, estão os eventos que ocorrem naturalmente ou que o pesquisador faz
acontecer; no lado direito encontra-se toda a metodologia de produção de
conhecimento. Pode ser utilizada pelo professor para análise do currículo,
avaliação da aprendizagem e instrumento da mesma tal qual do ensino.
A
aprendizagem significativa procura valorizar e utilizar os saberes que o aluno
já possui e de outros conhecimentos para o qual ele conceda significado. Com o
objetivo de facilitar a aprendizagem e a reflexão de conceitos, por associar
aos conceitos subsunçores novos significados. Além de propor que a aprendizagem
é de responsabilidade do aluno e de que essa conduz a uma mudança no
significado da experiência e não necessariamente de conduta. Uma vez aliviados
da carga de ser o responsável pela aprendizagem, o professor pode concentrar-se
no processo de ensino. Quando a meta do ensino se fixa no atingir de
significados compartilhados, liberta-se uma grande quantidade de energia, tanto
da parte dos professores como dos estudantes (Novak, 1984). O que estimula a
uma prática de ensino que trabalhe melhor com as capacidades dos alunos e os
proporcione confiança e estímulos para continuarem a aprender e buscarem seus
próprios conceitos.
REFERÊNCIAS
NOVAK, J. D. Aprender a aprender. Tradução: Carla
Valadares. 1. ed. [S.l.]: Paralelo, 1984. 212 p.
MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e
sua implementação em sala de aula. Brasília: Universidade de Brasília,
2006. 186 p.
LEITE, A. C. S.;
SILVA, P. A. B.; VAZ, A. C. R. A importância das aulas práticas para alunos
jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a percepção dos alunos do
PROEF II. Ensaio Pesquisa em Educação em
Ciências, Minas Gerais, v. 7, n. 3, p. 1-16, 2005.